segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Have a Nice Day *

ou Sobre o dia mais legal da minha vida - relato completo - Parte 12 de 2035

As luzes acenderam, os caras saíram dos instrumentos, deram as mãos, agradeceram. Jon ficou abaixado muito mais tempo que os outros, porque pareceu mesmo estar muito agradecido por tanto carinho. No twitter depois, o agradecimento: “Thanks to EVERYONE who came & showed us the love. We will be back soon!”

E então antes de saírem do palco, todo mundo continuou a gritar desesperadamente o que quer que fosse. Alguns pediam música, alguns pediam pra voltar e alguns gritavam só por gritar mesmo. Eu, acabada e com os cabelos encharcados de suor, não conseguia pensar se ainda faltava alguma música das minhas favoritas que eles pudessem cantar. Pra mim Jon podia cantar até atirei o pau no gato que eu ia amar. Já tava sem voz mesmo e fazia tudo o que podia pra emitir algum som plausível. E então eles pararam de analisar e apontar sei lá o que, a estrutura, a galera, a muvuca toda. Eu tentava ler os lábios mas esse pessoal fala um inglês muito caipirês para o meu inglês britânico. Fato foi que eles pararam pra prestar atenção no que o pessoal gritava, e de uma breve reunião no palco decidiu-se. E tocaram Bed of Roses.

Eu já tinha me consolado sabe? Já tinha pensado que beleza, tava todo mundo cansado, eles mal conseguiam pegar seus instrumentos tudo de novo e tal. Era nítido o cansaço, mas mesmo assim eles foram lá e fizeram pra agradar a galera. Tocando mais uma música pedida aos berros. Foi bonito. E eu sabia que tinha acabado. Chorei.

No fim da música, ovacionados, eles agradeceram rapidamente e saíram meio que cambaleando do palco, muito cansados. Porque se eles ficassem lá a gente ia continuar pedindo músicas. E eles disseram para a imprensa que fariam show até quando o público quisesse. Ah que isso é mentira porque se dependesse da minha vontade eu tinha trazido todos pra casa e eles estavam aqui tocando pra mim até hoje. Eu ia me afogar nas dívidas de multa de silêncio do condomínio. Mas ia morrer afogada e feliz. No dia seguinte, em notícia na internet: “Em vez de um final apoteótico, Bon Jovi preferiu uma despedida do palco paulistano mais melancólica, com a lenta Bed of Roses e sem uma palavra. Apenas os olhos azuis marejados, uma batida com o punho do lado esquerdo do peito e nada mais”.

Demos tchau com as mãos, as luzes acenderam, a música ambiente começou a tocar, o roadie jogou umas palhetas para a platéia, porque o Richie não fez isso. O pessoal se matou pra pegar e eu lembrei da vida. Acordei. Lembrei do babybrother que me esperava. Lembrei que eu precisava de um banho. Lembrei que queria comprar uma camiseta oficial. Mas meu coração estava ali, ainda, na boca. Eu ainda estava ansiosa e feliz, muito feliz. Pensava que ia escrever um post enorme, aos poucos, cheio dos detalhes. Queria lembrar de tudo, cada coisinha. Pra mim mesma. Pra manter meus sentimentos pelo máximo de tempo possível. Pra eternizar meu momento. Meu dia. Pra saber que eu não sonhei. Que eu vivi isso, de verdade. Eu senti uma felicidade como há muitos anos não sentia. E queria mesmo é que toda a alegria e toda a emoção que eu senti não saíssem nunca mais de dentro de mim. Porque eu saí diferente daquele ‘simples’ show. E saí querendo ser assim pra sempre.



Um comentário:

  1. Ahhh...acabou né? Uma hora o show acaba mesmo! Mas foi uma delícia de momento, desses para guardar para sempre. Nunca delete este blog, para que eu possa passar aqui daqui um tempo e lembrar de tudo de novo tá!
    Adorei os relatos todos! Adorei mesmo! Beijão e boa semana!

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