quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sobre Eleições

Então que começou. A baixaria toda, palhaçada que não tem mais fim. E os comentários do brasileiro, povo que faz piada da própria desgraça, já pululam incessantemente nas redes sociais. Tiririca (o do jargão vergonhoso), Batoré, Wagner Montes, Mulher Melão, Tati Quebra-Barraco (vai liberar verba pra compra de fogão Dako pra todo mundo), Simony (é amiiiga, amiiiiga do peito, amiga de você), Reginaldo Rossi (direto da mesa do bar e o garçom é vice), Juca Chaves, Mulher Pêra, Leci Brandão, KLB (aquele com cara de doente e aquele que acha que é bonito) que, a exemplo de seus antecessores Netinho de Paula (que com certeza será reeleito porque o povo não repara que ele sai socando as pessoas na tv), Frank Aguiar (au!), Clodovil, Sérgio Malandro e Agnaldo Timóteo esperam (e serão, sem dúvida!) eleitos.

Mais uma vez estou aqui a pensar a respeito. Penso que concordo, esses e outros insensatos candidatos só são eleitos porque o povo vota. Claro. Tem os que votam por inocência (burrice!) e tem os que votam por protesto. Chutar o pau da barraca. Já tá tudo uma merda mesmo, vou votar no Tiririca pra ver o circo pegar fogo. Que bom. Só que o circo é a sua casa. E não é igual na cadeia, que você bota fogo no colchão e jajá o dinheiro dos impostos que a população paga suado todo mês será novamente investido em um colchão novo pra você. Aqui você vai botar fogo no circo para depois reclamar que a Europa, os EUA, o Japão... estão olhando feio pra você. Estão te recriminando. Estão falando que você é pobre e não tem capacidade pra tomar conta do próprio nariz. E eu concordo, pô. Você não botou mesmo fogo no próprio circo? Que credibilidade quer ter depois disso? Quer ter o direito de cuidar e zelar pela sua própria floresta como? E é só um exemplo. Não tou falando que a gente tem que votar bem só pra inglês ver não. Tou falando que seria bom que tivéssemos consciência. Parece que é lá fora, lá em Brasília, lá nos caras engravatados que você assiste rindo toda segunda no CQC. Mas não é não meu filho. É aqui, no seu dinheiro. É naquele absurdo que é descontado de você todo mês na folha de pagamento. Dos poucos que têm a felicidade de ter carteira assinada, claro. É no cúmulo de você comprar uma calça jeans por 400 reais. É na vergonha de ter que deixar coisas que você comprou na alfândega porque quis burlar os impostos e saiu feito camelô no país dos outros. É na incompetência de achar bonito que nossas crianças não saibam escrever corretamente. E achar normal que os adolescentes inventem seu próprio dialeto para mascarar sua falta de estudo e piorar ainda mais o que já não se sabe. É na aceitação da impunidade de pessoas que cometem crimes horrorosos e, se a justiça cega calhar de condenar (aleluia!), eles ainda têm o direito de visitar suas famílias em todas as datas festivas e sem implante de chip sobre a pele para que quando passar do horário de voltar pra cadeia dê choque até matar. É na infelicidade de ter a maior favela do Brasil no nosso maior cartão postal. Sensação de impotência ao ver que brasileiro se mostra sim. Em piada interna xingando alguém no twitter. E só.

Por outro lado, milhares de campanhas dizendo que a gente precisa votar bem. Você, meu filho, culpa sua se o seu presidente só tem 9 dedos e cheira a cachaça. É culpa sua não ter a mínima idéia do que faz um deputado federal ou estadual. É culpa sua se a sua cidade está debaixo da enchente e as pessoas nadam na própria bosta como se fosse a coisa mais normal do mundo enquanto a prefeita diz pra relaxar e gozar. É culpa sua se os caras enfiam o nosso dinheiro na cueca. Concordo sim, claro. A culpa é toda sua. Mas apontar o dedo pra gente é bem fácil. VOCÊ, ELEITOR, NÃO SABE VOTAR. Ponto. Simples assim. Oi, tou roubando sua grana e comprando minhas propriedades, porque você é retardado o suficiente pra acreditar que eu vou dizer que é verba pra comprar panetone. Fácil. Bota a culpa no povo e pronto. E a parte de ensinar? De instruir? De orientar? Ah, eu mesmo respondo: não é conveniente. O conveniente aqui é deixar mesmo o povo cego e burro. Votando a torto e a direito em qualquer fulano que tenha a melhor musiquinha. Naquele que beija criancinhas. Na sapa gorda e com cara de Slot que nunca se candidatou a nada e que você nem nunca viu na vida, mas é o cachaceiro do churras na laje que indica, então você vai lá e vota cegamente, porque você é companheiro. É conveniente. Pra eles, lógico.

Eu acho o cúmulo que o voto seja obrigatório. Porque sendo assim, você que fica puto de ter que acordar 8h da madruga no domingo, ou sair depois daquele almoço que te deixou com a pança pesada, ou no fim de tarde porque todo mundo vai e já tá fechando o bagulho... ainda chegar lá e pegar fila, ter que cumprimentar todos aqueles vizinhos que você passa 2 anos fingindo que não viu na rua e, veja bem.... as pessoas estão justo na sua fila. E a véia que ainda não morreu e por mais que você corra pra chegar antes dela sempre esteja na sua frente na fila e peça toda vez uma cadeira pra sentar em frente à urna, você, puto da vida..... vai lá e vota num número qualquer. Num daqueles que vc pegou no santinho jogado na rua no caminho. Claro, porque tudo o que você mais quer é voltar logo para o aconchego do seu lar e ver o Faustão, aquela coisa que você reclama todo domingo. Então vai lá correndo, faz tudo no qualquer jeito e vota branco. Nulo. Não, porque eu não votei em ninguém. Votei nulo. Infeliz você, seu burro. Acabou de votar no que estiver ganhando. E ele vai continuar ganhando, porque afinal de contas você não fez nada pra impedir.

Absurdo. É o que eu penso quando lembro que, com essa coisa do voto obrigatório, eu tenho que votar contra aquele que eu não quero que ganhe. Não, eu não posso analisar as propostas, não posso ver se tem ficha limpa, não posso votar naquele que eu acho mais sensato. Porque NINGUÉM faz isso. E aí, pra combater aqueles que votam em qualquer um, que votam em branco, que votam nulo. Eu tenho que votar naquele segundo das pesquisas, só pra o primeiro não ganhar. Coisa de país burro. E aí vamos nós, nessa coisa cíclica. Eleitor burro que não vota direito elege ladrão esperto que não quer gerir por causa de leis pré-estabelecidas pelo mesmo e para o mesmo das quais os grandes poderes fazem questão de que valham e sejam cumpridas porque não têm interesse em administrar. Poder esse dado a essas pessoas pelos próprios eleitos pelo próprio povo. Bonito né?

4 comentários:

  1. Olha que coisa...que entrei aqui aí pensei assim: ué?! cadê meus comentários? Pois lembrava de ter "falado com vc" sobre esse post..rsrsrs
    Mas aí não foi aqui! Foi no Reader!
    Eu compartilhei e comentei.
    Tô muito biruta.
    Pode ser alzheimer.
    Bom, segue o textículo:
    "Também acho um absurdo ser obrigatório. Eu iria por prazer se não fosse. Ter que votar sabendo que um monte d egente está cagando para isso me incomoda muito. Aí sim me desanima. Eu acho um saco ir votar já sabendo quem vai ganhar porque a massa é previsível.
    Amei seu post, lindinha! Super propício. Ontem assisti a propaganda e só me restou rir.
    Tem um que iclusive imita o Faustão (??!)...se bobear vai ganhar."

    Beijocas!!!

    ResponderExcluir
  2. Sabe, na situação atual, em que a gente tem que escolher dos males o menor, fica um tanto complicado julgar quem faz a escolha de anular o próprio voto. E dizer que quando alguém vota em branco/nulo, o voto vai pro canditado que está na frente - além de ser uma besteira das grossas - não é uma afirmação correta. Votar nulo é votar nulo, Cláudia, sentá lá, e fim de papo. Alguém defender que seja uma puta falta de cidadania e o caralho à quatro, ainda vá lá... agora dizer que é votar em quem tem mais votos? FALÁCIA.

    Mas voltando...

    É lógico que o melhor dos mundos possíveis seria pesquisar bastante mesmo, até encontrar alguém que valha um pouco pena, porque existe gente assim. Mas é sabido também que as pessoas são desorganizadas, portanto, fica meio impossível conseguir eleger aquele político em quem você confia - a menos que o cara esteja entre os protagonistas do horário eleitoral, ou então, que você se disponha a angariar eleitores, convencer os familiares, os amigos, os vizinhos, os colegas do trabalho, etc... resumindo, bancar o político das massas.

    E digo mais... mentira, nem vou dizer mais nada.

    ...

    Esse assunto é foda e hoje estou muito superficial pra tratar a esse respeito.

    Bjão lontrinha.. :D

    ResponderExcluir
  3. Eu to na corrida, mas você sbe, eu concordo com vc, e fico votando no segundo pro primeiro não ganhar...


    Mas agora, aqui não tem esse povo famoso não rsrsrs So ai em SP que esse povo quer ser deputado estadual rsrsrsrs Aqui a moda é ex apresentador de jornal (até homem do tempo) resolver virar politico rs

    O Clodovil não morreu?? Vai ser reeleito la no além rs


    Beijos

    ResponderExcluir
  4. Rê, concordo demais com tudo.
    Acho que um primeiro passo pra esse cenário político vergonhoso do nosso país seria extinguir a obrigatoriedade do voto. Com isso contaríamos - espero! - com o voto das pessoas realmente compromissadas com aquilo, e o que a política mais precisa para mudar é ser vista com olhos responsáveis e muito compromisso.
    Tem uma crônica do Machado de Assis que fala sobre eleições, e mesmo sendo de mil oitocentos e alguma coisa ainda é muito atual. Chama-se Analfabetismo, recomendo a leitura.
    Beijos

    ResponderExcluir