sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sobre a Noite

Então que a noite, quando chega, é sempre linda a meu ver. Aprecio muito o amanhecer e o anoitecer. Acho lindo ver o céu passar de azul claro e amarelo, laranja, pink... a azul escuro. Acho que o brilho da noite é diferente. Excitante. Apesar de tudo, não sou uma pessoa noturna. Gosto sim, de sair às vezes. Como toda mulher, gosto do preparar para sair. Gosto de olhar lá fora e pensar que logo estarei aproveitando a noite. Dançando, na maioria das vezes. Quando não, a noite é bem aproveitada dormindo. E eu gosto muito mesmo de dormir.

Ultimamente, infelizmente, tenho tido oportunidade de analisar que o êxtase de aproveitar a noite acaba por volta de 2 horas da manhã. E que, a partir daí, quem não dormiu... encontra-se na solidão de sua própria consciência. A calmaria e o silêncio da madrugada me trazem à tona os fatos do cotidiano que não tive tempo para pensar durante o dia. As situações, os problemas, as coisas que eu deveria ter dito e que na hora não o fiz. E tudo parece maior. Tudo parece quase sem solução. Insônia me faz pensar em problemas, e problemas me dão insônia. Eu e o círculo vicioso, andando de mãos dadas na escuridão da noite.

Nas minhas poucas noites de insônia, levanto pra tomar um chá de camomila. Porque apesar de gostar muito mais de café, camomila não ataca a enxaqueca. E então enquanto o mundo dorme, tomo meu chá encostada na sacada do vigésimo segundo andar. Sentindo o vento no rosto e olhando tudo lá embaixo. Escuro e pequeno. Ninguém. Ninguém pra conversar além de minha própria consciência. Que, como sempre, fala pelos cotovelos. Mas apesar da solidão, não me sinto sozinha. Eu quase nunca me sinto sozinha. Só assustada com o tanto de coisas que ouço de mim mesma.

Eu, o chá e o ar gelado da madrugada. Na melhor das hipóteses, conversando e decidindo dias seguintes diferentes. A mudança radical. A fuga. A luta de espadas. Batalha com leões. Na pior, sempre lembro da frase antes escrita em um desses blogs aí que eu leio diariamente: 'todo blogueiro é um suicida em potencial'.

Alguns minutos, algumas horas. Até o chá acabar e eu perceber que está frio demais para um reles pijama de florzinhas. Até lembrar da cama quentinha, do sono perfeito que sempre tive. E voltar ao mundo real.


Num canto escuro, pequenos goles de solidão.
A noite esclarece o que o dia escondeu...

3 comentários:

  1. Eu gosto da noite, ams como você disse, gosto da noite com certos limites. Porque se passa de certa hora eu também começo a pensar demais, e aí o que seria um momento calmo e feliz para ficar vendo filme, ouvindo música na sacada ou lendo na cama sentindo aquele ventinho gelado da noite, acaba em crise de ansiedade dessas brabas que nem cházinho de camomila cura.
    Beijos

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  2. Sabe vc disse que foi me lendo e foi pensando em vc, e eu fiz o mesmo aqui... E a única diferença é que eu sofri anos de insônia (agora troquei, só quero dormir) e que eu não to num ape no 12 andar (e queria tantoooo) e claro, eu me sinto sozinha, mesmo não estando (e acho que essa é a pior parte)

    Saudades de vc, esses dias mais absurdas do que o normal!
    Beijos!

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  3. "Ninguém pra conversar além de minha própria consciência. Que, como sempre, fala pelos cotovelos. Mas apesar da solidão, não me sinto sozinha. Eu quase nunca me sinto sozinha. Só assustada com o tanto de coisas que ouço de mim mesma."

    Pronto, é isso aí. Depois de uma certa hora você está sozinha e acabou. Gostei do texto. Gostei muito.
    Beijo procê.

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